terça-feira, 8 de novembro de 2016

Cinema - Resenha de "Casa Grande"

Capa do filme
(Imagem: Rep. / Espaço Itaú de Cinema).
Sinopse: Sônia (Suzana Pires) e Hugo (Marcello Novaes) são da alta burguesia carioca e levam uma vida bastante confortável. Aos poucos vão à falência, mas ninguém sabe de seus problemas financeiros, nem mesmo o filho Jean (Thales Cavalcanti), que faz de tudo para se desvencilhar dos pais superprotetores. Para se manter, o casal corta despesas e ele, que só se preocupava com garotas e vestibular, enfrenta pela primeira vez a realidade.

Resenha: Vale ressaltar primeiramente que o conteúdo e a trama deste filme, apesar de estar em uma produção cinematográfica, é sobretudo, extremamente real. "Casa Grande", de 2014, dirigido e escrito por Fellipe Barbosa é um filme que enaltece uma discussão muito pertinente em nossa sociedade, tornando-se uma obra que deve ser analisada criticamente com atenção na tentativa de observar e depreender situações que ocorrem no filme e as comparar com situações do nosso cotidiano.

A trama gira em torno de uma família que mora em um zona nobre do Rio de Janeiro, formada por Hugo, Sônia, Jean e Nathalie. As condições financeiras começam a desequilibrar, e  eles passam a ter dificuldades das quais não estavam acostumados a vivenciar. Jean que antes era levado pelo motorista da casa, o mesmo que é despedido por Hugo, passa a ir de ônibus para a escola. O patriarca Hugo tenta de todas as formas esconder a realidade da casa para sua esposa.

Jean, à esquerda, e Hugo, à direita
(Imagem: Reprodução / UOL).

É interessante observar a diferença de tratamento de Hugo com sua filha, Nathalie, em relação à Jean. A forma como a relação de poder do homem é desempenhada também é uma das escolhas de representação no filme. O exacerbamento é um signo muito presente na obra de Fellipe Barbosa, a grandiosidade da casa com seus vários cômodos e luzes acesas no início do filme acaba por se tornar um ícone de "Casa Grande". 


Com uma narrativa que busca compreender realidades vivas em uma sociedade patriarcal, a qual a figura do homem pai se torna a principal e responsável para sanar os problemas. Concomitantemente, a obra tece uma série de duras críticas a respeito da classe rica e aristocrática, constituída por atitudes preconceituosas. Assim, a personagem Luiza se apresenta como a garota que busca por uma vaga em uma universidade pública pelo sistema de cotas, e sofre com isso, o racismo e o preconceito da classe rica branca.

A intertextualidade de "Casa Grande & Senzala", de Gilberto Freyre, é algo que fundamenta e dá força ao enredo do filme. O estranhamento e ao mesmo tempo proximidade entre cores distintas causa impacto no resultado da obra
(Imagem: Reprodução / R7).

"Casa Grande" nada mais é do que um retrato da sociedade brasileira. A cada cena podemos perceber traços extremamente verossímeis que nos dizem muito. A maneira como cada personagem se constitui em cena é um ponto positivo do roteiro de Barbosa. De certa forma, cada pessoa do filme representa um sujeito da vida real. É sem sombra de dúvidas uma ótima opção de longa-metragem, que traz uma excelente qualidade de cinema brasileiro e uma reflexão relevante, a qual todos podem pensar a respeito.

Avaliação do longa-metragem: 8,9 de 10.

Aguardo os comentários de vocês. É muito importante trocarmos experiências e interpretações acerca de produções como essas. Grande abraço à tod@s.


Por Lucas Afonso de Souza.


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