sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Cinema - Resenha de "Irmã Dulce"


Trailer do filme (Fonte).


A prova de que existem pessoas com bondade no coração e que lutam com amor pela vida dos necessitados.


Capa do filme (Fonte: Adoro Cinema).
Sinopse: Cinebiografia de Irmã Dulce (Bianca Comparato/Regina Braga), que, em vida, foi chamada de “Anjo Bom da Bahia”, também indicada ao Nobel da Paz e beatificada pela Igreja. Contemplando da década de 1940 aos anos 1980, o filme mostra como a religiosa católica enfrentou uma doença respiratória incurável, o machismo, a indiferença de políticos e até mesmo os dogmas da Igreja para dedicar sua vida ao cuidado dos miseráveis – personificados na figura do fictício João (Amaurih Oliveira) –, deixando um legado que perdura até hoje.


Fonte: Adoro Cinema.


Resenha: O longa se passa no nordeste brasileiro. Retrata a vida de uma garota que aprendeu preceitos e ensinamentos de sua mãe, e que os guarda para sua vida. Estes saberes adquiridos a partir do convívio com a educação familiar são enraizados fortemente à personalidade da garota que futuramente passaria a ser reconhecida como irmã Dulce.

A pobreza presente nas regiões periféricas da cidade de Salvador na metade do século XX é evidenciada ao longo das cenas do filme. Desde pequena, irmã Dulce convivia com as pessoas que não tinham condição de uma vida digna e que passavam necessidades básicas. Sua mãe sempre ia com ela a esses lugares afastados para distribuir alimentos e  ajudar aquele povo que era esquecido pela grande maioria da sociedade.

Assim que se tornou freira, irmã Dulce continuou o trabalho da mãe e sempre prestava serviços a quem necessitava de amparo. Para isso, Dulce descumpri algumas regras do convento em que frequenta e causa insatisfação na diretora responsável pelo convento de Santo Antônio. Certo dia, ao ver um menino na rua em frente ao estabelecimento religioso, sentiu-se na necessidade de ajudá-lo, mesmo que desobedecesse o fato de não poder sair do convento à noite.

Entretanto, ao longo de sua vida, irmã Dulce sofre muito com o conservadorismo da Igreja Católica e da sociedade baiana, que não reconhece seu trabalho, e os visualiza com desdém. Em uma cena forte e cruel, o longa mostra a truculência com que agem alguns homens expulsando as pessoas que recebiam ajuda de Dulce e que estavam em uma casa abandonada - Dulce a invadira na necessidade de reunir essas pessoas e poder dar a elas um abrigo -.

Constrói ao longo de sua vida a imagem de heroína dos vulneráveis, aquela que salva os famintos e os marginalizados socialmente. Preza pela vida, e independentemente das ordens estabelecidas, age com o coração ajudando os pobres. Prova que pôde superar seus problemas de saúde, contradizendo o que os médicos disseram a respeito de seu quadro de saúde, pois, Dulce tinha um grave problema respiratório.


Irmã Dulce (Regina Braga) em meio àqueles em quem ajudava (Fonte: Carlos Lohse).

As atrizes protagonistas do longa, Bianca Comparato e Regina Braga, que fazem o papel de Dulce mais jovem e mais velha respectivamente, mostram o resultado de um trabalho de consonância entre elas. Uma parceria que objetivou retratar a vida de umas mulheres mais importantes da história da Igreja Católica na Bahia, chegando a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz, em 1988, e beatificada pela Igreja em 2012. É popularmente conhecida como o "anjo bom da Bahia".

Dulce foi a responsável pela construção e funcionamento do hospital que surgiu primeiramente em um galinheiro no convento de Santo Antônio. E hoje, é um dos maiores hospital de todo o estado baiano, atendendo a milhares de pessoas.

O filme então nos mostra a trajetória de vida de uma pessoa que lutou incessantemente pelo bem do próximo. A fotografia é um dos pontos fortes da produção, que traz Salvador dos anos 40 até os 80, de forma bem trabalhada e muito bonita. Não se direciona a enaltecer a religião católica, mas sim de evidenciar a figura que foi irmã Dulce, uma mulher que sabia lidar e dialogar com especificidades das quais o seu povo contemporâneo não compreendia.


Por Lucas Afonso de Souza.


Um comentário:

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